Bandeira de Portugal
Estamos quase a chegar à data de 10 de Junho e de celebrarmos o "Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades", ou apenas "O Dia da Lusitanidade". Não efectivamente, como era designado, ainda no tempo do ditador Salazar, de "Dia da Raça" que era uma designação errada pois a "Raça Lusitana" é composta por muitas outras que ao longo de cinco seculos de vivência com outros povos dos quais destacamos as antigas colónias desde o Brasil à Oceânia.
Ao longo de mais de 20 anos a nossa Toronto e os nossos clubes e associações têm vindo a fazer um trabalho magnifico no celebrar esta data nacional e dedicada ao povo de raízes lusitana não importa se vivemos no espaço físico nacional ou na diáspora. Somos todos, embora haja quem discorde, filhos de Portugal com o mesmo ritmo cardíaco e composição sanguínea que corre nas nossas veias. Isto para dizermos que somos todos portugueses sejamos do Continente, Madeira, Açores ou que estejamos radicados no Brasil, Canadá, Estados Unidos, Angola, Luxemburgo e muitas outras dezenas de nações que abriram as portas à nossa gente para aí honradamente trabalhar e contribuir para o engrandecimento dessas nações receptoras.
Mais. Temos já várias vezes passado o 10 de Junho em Portugal e é com desilusão que vemos a pouca participação no celebrar tanto por parte dos nossos governantes como do próprio cidadão. Praticamente, este dia do nosso calendário festivo é marcado com uma cerimónia no Mosteiro do Jerónimos onde o nosso Presidente deposita um ramo de flores junto ao tumulo do grande poeta e soldado, Luis Vaz de Camões. Nada mais se tirarmos a cerimónia nos Paços do Concelho onde alguns cidadãos são medalhados por distinção.
Luís Vaz de Camões
Aqui, em Toronto, vive-se e respira-se o nosso Dia. Anda-se um ano a trabalhar exaustivamente (qualquer dia temos de pagar direitos por esta expressão) na preparação tanto da parada como do entretenimento onde muitos artistas tanto locais como outros vindos de Portugal e não só abrilhantam os palcos com vastos e valiosos programa culturais onde os nossos ranchos folclóricos e bandas filarmónicas dão vida ao mosaico das regiões que compõem a nossa Pátria.
Basta, para isso, assistirmos à Parada Etnográfica onde tantos clubes e associações, as nossas fanfarras e os carros alegóricos, os jovens das nossas escolas, tanto do ensino de português como das Direcções Escolares e grupos de estudantes universitários, os ex-combatentes, os grupos da terceira idade e outros mais que se juntam mostrando o seu melhor e orgulhosos das suas raízes seguindo os estandartes do Canadá e de Portugal e das suas Regiões Autónomas. Aqui, nesta parada onde mais de 100 mil pessoas se juntam nas ruas ao longo do trajecto para ver e aplaudir um pouquinho do seu PORTUGAL. São umas largas centenas de voluntários que com imensos sacrifícios teimam em envolverem-se no enraizar e na disseminação dos predicados culturais que os nossos pioneiros, pais e avós, trouxeram nas bagagens quando um dia puseram o pé neste grande país de acolhimento, o Canadá.
Temos, queiramos ao não, de reconhecer o trabalho que a Aliança dos Clubes e Associações Portuguesas do Ontário vem teimosamente marchando sobre mil obstáculos para que possamos usufruir e celebrarmos PORTUGAL SEMPRE.
No final todos nós estamos gratos pelo trabalho daquele pequeno grupo de cidadãos luso-canadianos liderados por Joe Eustáquio, o timoneiro desta organização de cúpula, que tem vindo, mesmo nas adversidades, a levar para "bom porto" os projectos e a composição do programa anual festivo. Um bem haja para todos eles, esses voluntários.
Sabemos da recente crise que vem afectando a vida da nossa nação e dos seus habitantes. É cruel e o desespero começa, pelas noticias que nos vão chegando, já a emergir e a minar o sossego de grande parte dos nossos cidadãos. Temos fé que o bom senso do após 25 de Abril de 1974, prevaleça, mais uma vez, e venha a compor e a ultrapassar estes momentos difíceis. Seja qual for a crise da nossa bem aventurada Pátria, esta, como no passado, saberá equacionar os seus problemas, dificuldades e encontrar soluções e neste parâmetro estamos crentes que mais uma vez sobreviverá. É que ao longo de 870 anos de existência como nação soberana, atravessámos, confessamos, crises terríveis, perdendo inclusive, por 60 anos, a nossa nacionalidade. Mas os portugueses, habituados às más "marés", não desistem e sempre enfrentaram de frente as vicissitudes levando avante os seus projectos para bem de todos nós. É tudo uma questão de tempo, de esperança e empenhamento na sintonia da fraternidade para assim, unidos, darmos as mãos para debelarmos e corrigirmos os erros do passado e continuarmos no nosso caminho como nação livre e democrática. Procuramos esse "horizonte" mais risonho e próspero para todos os portugueses, e não só para alguns poucos. Assim esperamos.
Viva Portugal e as suas Comunidades na Diáspora.
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